De vez em quando alguns colegas de farda me pedem informações acerca da História da PM do Pará, geralmente, querendo um produto "pronto e acabado" e, por vezes, sei que ficam desapontados com as respostas obtidas, quase sempre insignificantes.
Seria a História da PMPA insignificante também?
Claro que não, muito pelo contrário! Contudo, vale ressaltar que nada, ou quase nada se tem feito para preservá-la ou recontá-la, ficando-se com os bordões que cercam a imagem marmorizada do "herói de Canudos", o patrono da PM - Cel Fontoura.
Interessante notar que entre Fontoura a a dita "polícia cidadã" hodierna, nada ou quase nada se escreveu. Obviamente que a História não está numa prateleira, esperando que os historiadores venham a "encontrá-la" e, simplesmente, levá-la à luz.
Quem dera pudéssemos encontrá-la dessa forma! Há, contudo, todo um trabalho de pesquisa do Historiador que fica encoberto e que, na maioria das vezes, parece "embromação", principalmente se formos, também, militares. Mais ainda se formos policiais militares que, via de regra, devem fazer algo mais nobre do que revirar papéis velhos e, sim, "fazer polícia nas ruas". Infelizmente, esta é a ideia hegemônica e não parece que mudará tão cedo.
Felizmente, alguns antepassados nossos, talvez alguns "desocupados" de décadas remotas tiveram a feliz ideia de guardar "papéis velhos" e, assim, iniciaram a coleção de Boletins Gerais existentes na corporação que inicia no ano de 1964 e segue até os dias atuais.
É bem verdade que muitos daqueles que não enxergam algum valor na história e na memória já devem ter tido a ideia "brilhante" de por fim aquele monte de papel velho, cheirando a mofo. Mas, enquanto isso não acontece e espero que nunca aconteça, podemos nos deliciar com as histórias narradas naqueles documentos.
Exemplo disso é o Boletim Geral nº 25, datado de 13fev1964, que apresenta na 4ª parte seis prisões disciplinares aplicadas pelo Comandante Geral, Coronel PM Iran de Jesus Loureiro, das quais quatro se referem aos integrantes da PM que envolveram-se numa desordem na Clube 5 de Outubro, havendo inclusive disparos de arma de fogo e, outras duas referentes a uma agressão física sofrida por um Soldado do Exército tendo como autor um Soldado PM que encontrava-se, de folga, participando de um jogo de futebol em via pública e não gostou de ter sido admoestado pelo militar federal, quando este reclamara de ter sido atingido pela bola. E, finalmente, um caso de embriaguês alcoólica de um Soldado PM que perambulava mal fardado pelo bairro da Marambaia.
Talvez estejamos no momento de revisitarmos os nossos antepassados esquecidos entre as folhas amareladas dos Boletins Gerais e compreendermos melhor como se deu o "fazer-se" da Polícia Militar do Pará, para além do "heroísmo" de Fontoura, no longínquo sertão bahiano.
Para ler o BG Nº 25 de 13fev1964, clique AQUI.
(a) Ronaldo Braga Charlet - Capitão PM
Bach/Lic em História * Especialista em Patrim. Histórico * M.Sc. em Planejamento do Desenvolvimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário