"Todos os quartéis estão mobilizados e a tropa, a cada dia, participa de um comício diferente. Os coronéis disputam voto a voto para conseguirem amealhar urnas repletas de votos. Alguns oficiais, contudo, apostaram nas coligações abrindo mão do cargo para formarem a base de apoio e disputarem cargos de projeção política interna".
Imaginemos uma notícia como essa. Seria, para alguns, o fim da hierarquia e da disciplina, mas se dependesse dos seguidores deste blog que votaram em nossa enquete isso seria não só possível, mas deveria fazer parte das estratégias políticas do chefe do Poder Executivo que, como Comandante em Chefe da corporação, teria como Comandante-Geral quem realmente tivesse legitimidade frente a tropa.
Nossa enquete sobre os critérios para assumir o Comando Geral da PMPA chegou ao fim e definiu que os coronéis precisam ter legitimidade perante a tropa que comandam e, tal conclusão foi obtida a partir do resultado da votação, onde ninguém votou nas seguintes formas de assunção do cargo:
Livre Escolha do Governador; Nomeação do Coronel mais votado eleito pelo Alto Comando da PMPA ; Nomeação do Coronel com mais tempo de serviço na área operacional; e, Nomeação do Coronel com maior número de cargos ocupados na instituição.
Quem deveria assumir o Comando da PMPA? |
Por outro lado 61% acredita que o Coronel PM que tiver, em voto direto, a maior votação deveria ser conduzido ao cargo de Comandante Geral pelo Governador. Já 11% não seria tão radical assim e se contentaria em ver assumir o cargo um dos três mais votados, de livre escolha do Governador, deixando assim, opções ao Chefe do Poder Executivo. Para 24% os critérios seriam divididos da seguinte forma: 8% acredita que deveria assumir o cargo o Coronel PM mais antigo; no mesmo percentual (8%) acha que a escolha do Governador deveria recair no Coronel que apresentasse o melhor projeto para a instituição; outros 8% acredita que a escolha deveria respeitar os níveis diferenciados de autoridade e o resultado da escolha deveria ser em caráter proporcional e o mais votado em cada uma das proporções assumiria.
Difícil, mas não impossível de se imaginar uma das situações acima citadas, contudo, convém salientar o caráter militar da instituição que, dentro da hierarquia e da disciplina, teria grandes complicações para implantar tal forma de escolha do Comandante Geral.
No distante ano de 1820-21, no Pará, o jovem Felipe Alberto Patroni sonhou com um governo republicano, tanto que veio de Portugal para propagandear em Belém as notícias de que o Pará deveria compor as Cortes Portuguesas e mandar delegados para Lisboa, num flagrante exercício do republicanismo.
Com a mesma aspiração morreu Frei Caneca e Tiradentes, segundo alguns, e somente quase 100 anos depois, em 1889 os primeiros raios do republicanismo lançaram-se sobre o Brasil e ainda 121 anos depois ainda encontramos sérios limites ao exercício do Poder Republicano no Brasil e, principalmente, ofuscando o que se idealizou chamar de Democracia Brasileira.
Enquanto isso não se torna realidade, enquanto os quartéis não podem votar, nos contentemos em medir as aspirações democratizantes das tropas policiais militares.
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