As redes sociais, entre as quais o facebook, vem se constituindo numa importante ferramenta para a expressão das liberdades de expressão e manifestação do pensamento na sociedade atual, ligada às mídias digitais, à virtualidade e à fluidez e velocidade das informações.
Uma questão importante a ser analisada é a possibilidade de que as expressões livres e as opiniões possam agredir terceiros e, com isso, ocasionar ao usuário das redes sociais a imputação penal, administrativa e disciplinar, principalmente quando o autor é servidor público ou, ainda, mais grave quando trata-se de militar estadual ou federal, ambos com agravações de penas conforme dispõe o Código de Processo Penal Militar e o Código Penal Militar.
Há quase uma semana, acessando a minha conta do facebook recebi uma cópia de uma postagem no qual uma pessoa identificada apenas como Jhonny Soeiro teria comentado que alguém "Pensa q limpar merda de cavalo é ser operacional. Eu acho q vc vai dormir em cima dessa merda. Seu lixo".
Achei muito estranha esta postagem, pois ainda havia comentários de que o autor seria aluno do CFSD PM e que estaria atingindo a Cavalaria da PMPA com esse comentário.
Indubitavelmente, que somente limpa merda de cavalo não pode se julgar operacional, mas por outro lado o "serviço sujo" aluguém tem que fazer. E, limpar esterco de equino está entre uma das tarefas do cavalariano que, ainda, deve servir água, ração, capim, rasquiá-lo, adestrá-lo, treiná-lo, conduzi-lo de forma adequada, respeitando o descanso e a fadiga do animal, além de, se necessário, utilizá-lo como arma de guerra ou de policiamento ostensivo. Com certeza, é o conjunto dessas tarefas que faz do Cavalariano um "operacional".
O simples "limpar merda de cavalo" também é feito por outros profissionais do mundo equestre, assim como calçá-lo com ferraduras, fazer a limpeza de soldra e prepúcio ou vulva, dependendo do sexo do animal e tudo mais. Tal atividade é desenvolvida em inúmeras fazendas ao longo desse "brasilzão", inclusive com formação superior ministrada pela Univerdade do Cavalo, a fim de que a lida do "peão" não seja realizada de forma empírica.
Tudo isso, demonstra bem o equívoco e a ignorância de alguém que não conhece o mundo hípico e exterioriza seu preconceito em relação não somente às tropas equestres, mas também à memória de nobres desbravadores de nossa terra que, no lombo das mulas, construíram o nosso país que, inclusive, contou com o mais nobre entre os ferradores brasileiros, o próprio príncipe D. Pedro I, era um destacado artífice desta arte, sem igual na corte.
É importante destacar que a liberdade de expressão deve ser acompanhada da responsabilidade para tal, bem como que é dever do aluno de curso de formação, principalmente do CFSD PM de nossa corporação dedicar-se ao estudo, ao serviço (estágio supervisionado) e internalizar os valores que regem a "briosa", a saber: a hierarquia, a disciplina, o respeito aos valores culturais e regionais e aos direitos humanos. Em suma: o dever do aluno é estudar.
Para alguns da "antiga" isso seria o resultada do excesso de folga, pois o aluno com "tempo ocioso" começa a divagar e a assumir atitudes incompatíveis com o que rege a nossa corporação.
Acredito contudo, que a realidade não é essa para todos os alunos, apenas alguns poderiam estar desviando o foco do estudo para postagens que são pouco construtivas na corporação, pois o discurso do combatente não pode estar desvinculada à percepção de que todos nós temos papéis a desempenhar e cada um dos quais reflete na consecução da segurança pública como um todo.
O que seria dos espíritos e almas militares sem o carisma dos seus capelães que, inclusive no campo de batalha, devem levar o conforto aos moribundos? Parece que tal atividade não seria a finalidade da atuação militar e policial, mas todas as corporações carecem desse serviço e somente os nécios desconhecem o seu valor, ou ainda, o simples curativo, medição de pressão arterial ou reanimação cádio respiratória do mister da área da saúde, também não estaria coberto com o heroísmo do combatente, do infante. Ledo engano, as tropas militares e policiais militares precisam de todos esses serviços.
Infelizmente, alguns não o reconhecem e não os valorizam, mas somente a experiência e a maturidade que não é necessariamente proveniente da idade pode oferecer ao policial militar e ao cidadão em termos gerais para reconhecer tais serviços.
Enfim, insisto que melhor seria ao aluno que não se conteve em exprimir suas opiniões manter-se na simples atividade de buscar o conhecimento para, primeiro, conhecer a instituição a que se inscreveu voluntariamente. Talvez falte horas de estudo, de dedicação e contemplação da realidade.
Não custa nada lembrar: aluno é pra estudar!
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