Ele entrou mudo, passou dois anos e meio no governo de Ana Júlia Carepa, saiu calado, mas agora decidiu soltar a língua, revelando como funcionava o esquema de corrupção no órgão que comandou, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Walmir Ortega, demitido em maio de 2009, diz que a corrupção na Sema é crônica, porque a maior parte dos produtores da Amazônia age de forma ilegal para benefício próprio. “No Pará, especula-se que 4 milhões de metros cúbicos gerem entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões ilegalmente, por ano. Quem movimenta isso tem um altíssimo poder de corrupção”, afirma Ortega, em entrevista à revista “Carta Capital” desta semana.
Ele denuncia que no governo de Carepa pediu demissão do cargo porque percebeu “afrouxamento das tensões, com troca de favores”, em decorrência da proximidade da eleição, enfatizando que preferiu sair porque “não estava interessado em participar” do esquema. Ortega foi substituído por Aníbal Picanço, um dos investigados pela Polícia Federal por envolvimento em corrupção no órgão.
“Descobri que no Ibama dialogávamos com os potenciais infratores ou com pessoas que queriam licença ambiental. O limite da conversa almejava ser o seguinte: “até aqui podemos fazer, porque a lei permite, daqui para lá, não adianta, pois não tem o que discutir”. Mas no caso do Pará, o diálogo nunca parava no “até aqui você pode ir. O interlocutor, o madeireiro, sempre tensionava para buscar alternativas que o beneficiasse para além daquela fronteira que tínhamos estabelecido”.
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